O PT liberou alianças na atual eleição municipal que vão além do campo de centro-esquerda. Mas houve uma condição: o apoio à reeleição do presidente Lula em 2026.
A ampliação do arco de apoios, expressa em uma resolução partidária, permitiu que o partido viesse a endossar, em grandes cidades, candidaturas de legendas identificadas como de direita e centro: Republicanos, PP, União Brasil, PSDB e até PRD, que é fruto da fusão do PTB com o Patriota.
Segundo a norma, só está vedado o apoio a candidatos “identificados com o projeto bolsonarista”.
Com vistas à disputa presidencial de 2026, a direção nacional do PT está acompanhando diretamente as eleições em 219 municípios, o que inclui cidades com mais de 100 mil eleitores e capitais.
Esses municípios concentram 48% do eleitorado de todo o país. A cargo das eleições nessas cidades, a cúpula do PT autorizou apoio a candidaturas em 88 cidades, incluindo 15 nomes do centrão.
O PT dá apoio nesse universo de cidades a seis candidatos do Republicanos, seis do União Brasil e três do PP. Além disso, o partido integra coligações encabeçadas pelo Podemos e pelo PSDB em três municípios cada.
Apoia também um candidato do PRD e um do Cidadania. Além disso, são 12 do MDB e sete do PSD. Dentre esses grandes municípios, o PDT conta com o apoio do PT em nove cidades —os petistas estão na vice em três delas.
Partido do vice Geraldo Alckmin, o PSB lidera esse mapa de aliados, sendo apoiado pelo PT em 15 cidades. Compondo a federação, PV vem logo em seguida, com 13 candidaturas. No campo da esquerda, o PSOL tem seis municípios. O PCdoB, três.
Essa lista não inclui alianças em pequenos municípios, onde a composição é bem mais flexível. Em nove deles, por exemplo, o PT está aliado com o PL, de Jair Bolsonaro.
Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) conta que a estratégia de garantir palanques para Lula em 2026 foi definida em agosto do ano passado.
“Isso é uma coisa que a gente deixou muito clara. Tanto que não fazemos referência a vetos, a partidos políticos. A gente diz assim: aqueles que estivessem à disposição de estar no palanque conosco, nós poderíamos ter aliança”, afirma Gleisi.
A deputada se refere à resolução de agosto de 2023, quando o partido formalizou como estratégia “a ampliação das relações com os partidos que apoiaram Lula no primeiro e no segundo turnos de 2022”.
Mas acrescentou: “além disso, devemos considerar a ampliação do leque de alianças nos municípios a partir de lideranças de partidos que compõem ou que expressam alinhamento ao governo do presidente Lula”.
Usando um partido do centrão como exemplo, Gleisi afirma que pode ser que a sigla não esteja ao lado de Lula na corrida presidencial. Mas o candidato apoiado hoje pelo PT deverá estar.
“A orientação foi a seguinte: deve estar junto com a gente no palanque. Pode ser que a União Brasil não esteja, mas esse prefeito deve ter assumido o compromisso. O compromisso do prefeito, do candidato”, disse.
Gleisi explica que, diferentemente de 2020, quando o partido estava isolado e incentivou candidaturas próprias, para 2024 a prioridade é o fortalecimento do campo da esquerda e da base do presidente. Um exemplo dessa estratégia é o lançamento de petistas em apenas 13 capitais.
“O PT tem que lançar candidaturas onde tem competitividade, onde pode ganhar. E, onde tiver aliado que possa ganhar a eleição, o PT tem que apoiar. Não estamos numa eleição para marcar a posição ou só para pôr o partido na rua”, diz.
Embora reconheça que o resultado da eleição municipal não é decisivo para a sucessão presidencial, Gleisi afirma que ele ajuda a potencializar a candidatura, oferecendo capilaridade.
Sobre a atuação de Lula na campanha, Gleisi defende que o presidente concentre esforços em municípios em que tenha forte presença, como é o caso de São Paulo e no Nordeste. Entre as cidades, Gleisi cita São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Teresina e Goiânia.
Apesar dessa premissa de comprometimento com a candidatura de Lula, líderes de diferentes partidos afirmam, sob reserva, que não será possível decidir hoje o que será feito daqui a dois anos.
Na Bahia, o PT lançou em Barreiras um antigo apoiador de Bolsonaro, hoje filiado ao partido de Lula. Em Lauro de Freitas, o candidato petista já participou de manifestações em apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Hoje, exibe na rede foto ao lado de Lula.
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