O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) lançou nesta semana a campanha “Cuidado: falso médico mata!”, para incentivar a denúncia de falsos médicos à Polícia e cobrar dos gestores um rigor maior na checagem de documentos durante a contratação. De acordo com a entidade, nos últimos meses, o número de médicos falsários no estado teve um aumento significativo.
A maioria dos casos acontece em cidades do interior. Em Cruz das Almas, no recôncavo baiano, há inquérito policial para apurar a morte de um paciente em decorrência de atendimento por um suposto falso médico.
Mas a capital baiana também registra denúncias. Em fevereiro, um homem foi preso no Hospital Geral do Estado (HGE) enquanto se passava por um cirurgião.
De acordo com o presidente da Cremeb, Otávio Marambaia, a reincidência de médicos falsários demonstra uma falta de cuidado dos gestores com a saúde da população. “O gestor tem a obrigação de buscar saber se o profissional está regularmente apto para exercer a profissão — o primeiro elemento é ver se está registrado no Conselho Regional de Medicina, e infelizmente temos pouca demanda dos gestores pela informação”, afirma.
O conselheiro afirma ainda que os enganos se dão porque os falsos médicos aceitam trabalhar por valores mais baixos. “Eles unem a falta de cuidado com a saúde da população com a uma tentativa de economizar. Não pensam na saúde da população, em danos, só em economizar”, diz Marambaia.
O número de médicos falsários aumentou durante a pandemia, segundo o CREMEB, uma vez que a necessidade de contratação de médicos fez com que a oferta de trabalho fosse ampliada. Conforme a entidade, os casos acontecem principalmente em hospitais municipais.
“Muitas prefeituras não tiveram o cuidado de avaliar se esses falsos médicos tinham o registro médico”, afirma o presidente da Cremeb.
A campanha da entidade tem a intenção de alertar as pessoas para que elas identifiquem comportamentos, práticas, prescrições, e tratamentos que são fora do que elas estão acostumadas a encontrar normalmente. Além de pedir aos médicos que busquem saber se seus colegas são mesmo qualificados.
O Cremeb também deve concluir na próxima semana um convênio com a policia e com a Secretaria de Segurança Pública para dar agilidade às queixas que chegam. “Chegam por redes sociais, emails… e muitas vezes de lugares distantes que não podemos mandar nossa fiscalização, mas que possamos regularizar com a participação da policia”, conclui Marambaia.
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