Entidades de movimentos sociais e até instituições de ensino estão se mobilizando contra a homenagem da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) ao pastor Silas Malafaia. Na última terça-feira (17), foi anunciado no Diário Oficial que ele receberia a Comenda Dois de Julho, mais alta honraria da Casa, em sessão com data ainda a ser marcada.
Malafaia é apontado como alguém que persegue e propaga discurso de ódio contra a comunidade LGBTQIA+. Por isso, um grupo de quase 200 pessoas está se organizando para protestar contra a homenagem, inclusive com um ato de repúdio em frente à Assembleia.
Além do histórico de Malafaia, o que chamou atenção no projeto de resolução com a proposta da homenagem foi a justificativa. O texto de autoria do deputado estadual Samuel Júnior (Republicanos) citava a atuação do líder religioso no combate ao aborto e na defesa da heteronormatividade, conceito que prega a ideia de que apenas relacionamentos heterossexuais (entre pessoas de sexos opostos) são considerados normais. O projeto foi aprovado quase por unanimidade, com votos contrários apenas do deputado Hilton Coelho (Psol) e da deputada Fabíola Mansur (PSB).
O grupo, coordenado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e pela Casa Marielle Franco Brasil, tem se mobilizados em quatro frentes e atuação. Além do ato na AL-BA, eles estão mobilizando as entidades a manifestar publicamente seu repúdio, o que já foi feito pela Aduneb (Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Bahia), que, em carta aberta, classificou Malafaia como “agente do retrocesso, da ignorância e da incivilidade”.
“A Aduneb enfatiza que o pastor em questão é um dos principais porta-vozes do fascismo na atualidade. Salienta que não há qualquer justificativa plausível para tal homenagem, salvo a propagação de pautas de ultradireita, que violam direitos e empenham posições reacionárias contra a vida, a democracia e a dignidade humanas”, pontuou a Aduneb.
O movimento também já tem se mobilizado para enviar uma série de mensagens para os deputados que votaram a favor da homenagem e também se prepara para entrar com uma representação no Ministério Público. Coordenadora-geral da Casa Mariele Franco em Salvador, Sandra Muñoz detalhou os próximos passos do grupo e criticou, inclusive, o posicionamento dos deputados de esquerda que votaram a favor da condecoração.
“É preciso entender quem é Silas Malafaia nas nossas vidas e entender que uma comenda como essa é para alguém que contribuiu para o estado. É muito indigno, para nós que lutamos e atuamos acolhendo acolhendo pessoas LGBTQIA+, ver uma pessoa dessa recebendo a mais alta honraria do estado”, disse.
Discussão sobre post