Em indicação direcionada ao governador Rui Costa, o deputado Bobô (PC do B) sugeriu que sejam adotadas providências para garantir a instalação de espaços reservados e adaptados para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) ou que têm problemas de tratamento sensorial em equipamentos esportivos e culturais públicos ou privados.
“Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou que têm problemas de tratamento sensorial possuem maior propensão à hipersensibilidade sensorial a estímulos do ambiente e sofrem com os barulhos e ruídos, provocando uma sobrecarga dos sentidos, causando desconfortos, pânico e até comportamentos agressivos. Parte das crianças com TEA sofre de desordens sensoriais”, justificou o parlamentar.
O deputado comunista utiliza ainda outro argumento para defender sua proposição: ” Estar em um estádio pode ser uma experiência impactante, porque é uma bomba de estímulos sensoriais. Tem a questão sonora, a questão visual, com muitas pessoas e luzes, a olfativa, com cheiros diferentes, e algumas crianças podem se desorganizar. Por isso, algumas famílias deixam de levar os filhos aos estádios”, lamentou.
O legislador explicou que “é como se eles escutassem todos os sons do ambiente de uma só vez, sem focar a atenção em nenhum deles, resultando em sobrecarga neste sentido”. Ele considera que outro fator é no campo visual, onde luzes intensas também podem provocar esta sobrecarga sensorial. “Muitas vezes, em jogos de futebol, por exemplo, nos momentos em que uma equipe faz um gol, os sons ficam mais intensos devido aos gritos e maior agitação da torcida, e as pessoas com TEA ou que têm problemas de tratamento sensorial se assustam e têm a necessidade de se locomover até um lugar mais calmo”, revelou o parlamentar.
De acordo com Bobô, o esporte é muito usado para engajar as crianças em atividades de atenção e concentração. Por essa razão, esclarece, “fazer com que elas tenham acesso a isso de forma inclusiva é muito importante, porque muitas delas não têm acesso justamente por essas dificuldades”. No documento, o deputado pontua que o espectro autista é muito vasto e possui vários graus e características diferentes, que variam de pessoa para pessoa, sendo relevante fornecer o apoio e a inclusão necessários.
O parlamentar observou também ser fundamental que os estádios e arenas esportivas criem um ambiente controlado, mais silencioso e com uma quantidade menor de pessoas, garantindo, dessa forma, mais conforto e segurança para os autistas ou aqueles que têm problemas de tratamento sensorial. E diz que a indicação objetiva separar espaços, como uma sala, na qual se daria para presenciar o evento esportivo através de paredes de vidro, com iluminação controlada, piso tátil, área recreativa, agentes para auxiliar e com som reduzido.
“Estes espaços mostram que é possível sim – é necessário – falar e promover a inclusão no futebol e demais esportes. E que isso se torne exemplo e se espalhe pelo país, abrindo de fato as portas para todos os torcedores”, concluiu o deputado Bobô.
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